Creio que se pode traçar uma fronteira muito precisa entre a juventude e a velhice. A juventude acaba quando termina o egoísmo, a velhice começa com a vida para os outros. Ou seja: os jovens têm muito prazer e muita dor com as suas vidas, porque eles a vivem sós para eles. Por isso todos os desejos e quedas são importantes, todas as alegrias e dores são vividas plenamente, e alguns, quando não vêem os seus desejos cumpridos, desperdiçam toda uma vida. Isso é a juventude. Mas para a maior parte das pessoas vem o tempo em que tudo se modifica em que vivem mais para os outros, não por virtude, mas porque é assim. A maior parte constitui família. Pensa-se menos em nós próprios e nos nossos desejos quando se tem filhos. Outros perdem o egoísmo num escritório, na política, na arte ou na ciência. A juventude quer brincar, os adultos trabalharem.
Não há quem se case para ter filhos, mas quando chegam, modificamo-nos, e acabamos por perceber que tudo aconteceu por eles. Da mesma forma, a juventude gosta de falar na morte, mas nunca pensa nela; com os velhos acontece o contrário. Os jovens acreditam ser eternos e centram todos os desejos e pensamentos sobre si próprios. Os velhos já perceberam que o fim vai chegar e que tudo o que se tem e se faz para si próprio acaba por cair num buraco e de nada valeu. Para isso necessita de outra eternidade e de acreditar que não trabalhou apenas para os vermes. Por isso existe a mulher e os filhos, o negócio ou o escritório e a pátria, para que se tenha a noção de que o esforço diário e as calamidades têm um sentido.
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Vídeo Poesia - QUEM É VOCÊ?
"Seu Zé"
Professor Vandei
EE Batista Renzi
Fonte (Vídeo Poesia e Imagem): miraze-miraze.blogspot.com.br
Morrer...
(Eva Rocha)
Sei
que no dia exato em que me for ou estiver prestes a ir de vez, talvez esta
metáfora seja pequena, incoerente e não me diga nada. Pode ser. Pode não ser.
Só vou (vamos) saber quando acontecer.
O
certo é que vai acontecer, e sem amarguras ou algo do tipo, hoje passou por mim
uma sombra, um rabisco do que seria morrer.
Não
no sentido do último suspiro, do último golpe de ar, da última visão,
mas
o sentido de estar se indo embora sem perceber a vida toda,
e
não darmos conta disso. Acho que ninguém dá mesmo, e mais,
acho
que só damos conta disso depois de muitos anos passados,
quando
o corpo não mais dá conta de tudo que carregava e começa
a
reclamar. Daí, começamos a prestar atenção, de um jeito ou de outro.
Por
isso escrevi (porque senti) hoje que:
Morrer
deve ser algo que chega assim sem sonhos e sem desejo de emoção, qualquer
uma...
deve
ser se perder do/dos que causava(m)-nos frio na barriga, lágrimas nos olhos,
suspiro, qualquer um...
deve
ser um não-querer-seja-lá-o-que-flor...
...não
lembrar do jeito que o amor tem,
...não
saber do barulho do mar,
...esquecer
a coreografia,
...desaprender
a gritar,
...rima
sem poesia,
...pra
onde se vai, de onde se vem...
...deve
ser não ter um amigo pra coar um café
e
cantar pra ninguém...
...assim,
sem sonho e sem desejo de emoção ou suspiro,
qualquer
um...
Professora Eva Rocha
EE José Benedito Bartholomei
O conto do sábio chinês - Raul Seixas
www.youtube.com
O Conto do Sábio Chinês
Raul Seixas
Era uma vez
Um sábio chinês
Que um dia sonhou
Que era uma borboleta
Voando nos campos
Pousando nas flores
Vivendo assim
Um lindo sonho...
Até que um dia acordou
E pro resto da vida
Uma dúvida
Lhe acompanhou...
Se ele era
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou se era uma borboleta
Sonhando que era
Um sábio chinês...
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